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17 de dezembro de 2024A IA terá um papel crucial em áreas como saúde, ao prever doenças antes mesmo de sintomas aparecerem, ou na gestão de recursos naturais
O ano de 2025 desponta no horizonte carregado de expectativas. Não se trata apenas de vislumbrar novos dispositivos ou algoritmos mais potentes, o verdadeiro desafio está em entender como usaremos a tecnologia para enfrentar os dilemas que nós mesmos criamos. Tecnologia, afinal, não é neutra. Ela carrega nossas intenções, reflete nossas limitações e, muitas vezes, amplifica nossos paradoxos.
Depois de anos de euforia, 2025 será o ano em que a inteligência artificial (IA) será desafiada não apenas em sua capacidade técnica, mas em sua maturidade ética. A pressão por transparência e explicabilidade será maior do que nunca. Não bastará que um algoritmo acerte — será preciso que ele mostre como chegou àquele resultado e que demonstre responsabilidade em suas escolhas.
A IA terá um papel crucial em áreas como saúde, ao prever doenças antes mesmo de sintomas aparecerem, ou na gestão de recursos naturais, ajudando a combater crises ambientais. Mas ela também estará no centro de debates sobre seu impacto no mercado de trabalho, na privacidade e na perpetuação de desigualdades.
Seja como ferramenta de diagnóstico ou como intermediária em processos de decisão, a IA colocará à prova a nossa habilidade de desenhar sistemas que não apenas funcionem, mas que respeitem os limites éticos que decidirmos impor. A grande questão será: até onde estamos dispostos a delegar o controle?
O chamado à sustentabilidade
A tecnologia promete ser uma aliada no combate à crise climática, mas 2025 será o ano em que promessas precisarão virar realidade. Não será mais suficiente falar de “impacto zero” — será preciso provar.
Baterias de estado sólido mais eficientes e tecnologias de captura de carbono em escala industrial já são vistas como marcos de uma transição energética inevitável. Mas será que esses avanços chegarão rápido o bastante? Será que atenderão à maioria, ou apenas àqueles que podem pagar pelo progresso?
Em paralelo, a pressão por práticas sustentáveis se ampliará para toda a cadeia de produção tecnológica. O desperdício de materiais e o lixo eletrônico já não serão problemas ignoráveis e empresas terão que reimaginar seus processos. Será o momento em que veremos se a sustentabilidade é um valor real ou apenas um mantra publicitário.
Uma internet mais descentralizada ou mais concentrada?
A Web3, promessa de uma internet descentralizada, enfrenta o paradoxo da viabilidade. O ano de 2025 será decisivo para mostrar se essa arquitetura terá força suficiente para desafiar os monopólios digitais ou se acabará sendo absorvida pelos mesmos grandes players que domina hoje.
A descentralização, em teoria, carrega uma ideia poderosa: devolver ao usuário o controle sobre seus dados e criar novas formas de interação e economia digital. Mas essa promessa será testada em um cenário em que a concentração de poder econômico e tecnológico é difícil de romper.
Será possível, por exemplo, democratizar tecnologias como contratos inteligentes e identidades digitais descentralizadas de forma inclusiva? Ou elas permanecerão ferramentas de elite?
A nova face do trabalho
A automação continuará transformando a relação entre pessoas e trabalho e 2025 trará reflexões ainda mais profundas. Não falamos mais apenas de tarefas mecânicas substituídas por máquinas, mas de atividades intelectuais e criativas sendo desafiadas pela inteligência artificial.
Ao mesmo tempo em que a automação pode abrir caminho para novas oportunidades, ela também força a sociedade a lidar com um dilema urgente: o que fazer com quem é deixado para trás? Programas de requalificação, renda básica universal e novas formas de organização econômica precisarão entrar no centro das discussões.
Mas há outra questão, talvez mais inquietante: será que queremos viver em um mundo onde o trabalho humano se torna cada vez mais opcional? E o que isso diz sobre nosso papel na sociedade?
A grande verdade sobre a tecnologia em 2025 é que ela será um reflexo de nossas escolhas enquanto sociedade. Não se trata apenas de criar, mas de decidir. Que tipo de inovação queremos? Quem ela beneficia? Quem ela exclui?
O futuro não será definido apenas por avanços técnicos, mas pela capacidade de equilibrar inovação com responsabilidade. Se 2025 tem algo a nos ensinar, é que o progresso, por si só, não basta. Precisamos de um progresso que olhe para as pessoas, que respeite os limites do planeta e que valorize a diversidade de experiências humanas.
Essa não será uma caminhada simples. Mas se há algo que aprendemos com o passado, é que os maiores desafios costumam trazer as maiores oportunidades de transformação.
Por: Alessandra Montini – Olhar Digital