Artigo – Pensando em conjunto: a importância do diálogo

Como podemos dialogar em grupos, gerando o conhecimento em torno de temas? A arte nos mostra a força das “Escolas de Pensamento”.

Por vários séculos, artistas, pensadores, cientistas e, com destaque, filósofos, iniciaram movimentos de discussão sobre um tema, um esforço ou uma visão de futuro, que objetivava desenvolver reflexões para que aquele tema fosse esclarecido e deixasse, em todos os detalhamentos, suas repercussões de aprendizado e evolução. Geralmente, chamamos estes movimentos de “Escolas de Pensamento”.

Em alguns casos, a escola tem uma referência geográfica, como a escola flamenga de pintores, baseada em Flandres, região distribuída entre as atuais fronteiras de Bélgica, França e Holanda. Já a escola do movimento Art Noveau, teve suas origens na França, com observação de ideias e propostas de apreciação da natureza já expressa por artistas franceses e ingleses em períodos que antecederam as formas de aplicação na arquitetura, pintura e escultura.

Um movimento interessante também foi o fluxo, motivado por várias razões, de artistas que migraram para os Estados Unidos na passagem do século XIX para o XX, levando consigo as experiências de suas origens, se relacionando no espaço americano e ali recebendo as contribuições de escolas que originaram o modernismo, o Jazz e o expressionismo. Este fato ainda reverbera, mesmo com as atuais tendências ideológicas.

Uma referência de local que sempre destaco é a da estimada escola Bauhaus que, por ser “tanto um local / locus”, resistiu mesmo o quanto foi possível às pressões políticas do momento na Alemanha. Em seus estudos, relacionamentos, cursos, performances, a Bauhaus buscava a simplicidade, funcionalidade e escala de uso, num mundo ainda impactado pela primeira guerra mundial. Este princípio de uma “escola de pensamento” resistiu a mudanças, ao desterro, levando novamente aos EUA e a vários locais do mundo seus princípios e iniciativas, influenciando movimentos que perduram até os dias de hoje.

A escola cubista, por sua vez, também gerou princípios que reverteram as formas e estruturas até então usadas para as artes visuais, incluindo grande participação de artistas brasileiros, que integraram esta escola de pensamento de forma ativa. Com influências como as da apreciação da natureza, vários movimentos (escolas) dialogaram com as correntes existentes, produzindo mudanças interdisciplinares, como as propostas por Wassily Kandinsky, onde a Biologia mudou formas, expressões e comunicações artísticas, alcançando o pós-impressionismo.

Estas escolas integram formas de diálogo que correspondem ao local e época de nascença, fatores políticos, religiosos, sociais, uma técnica disruptiva de ver o mundo, alterar a forma da arte ou mesmo sua finalidade, expressar outro mindset artístico… realizando mudanças nas formas de compreender e adaptar a Arte, fazendo com que a Arte também propusesse modificar a realidade, como uma proposta edificante.

Estas escolas geralmente não correspondem a estruturas, edificações ou instalações. Se associam na forma de pensar e propor ideias, performances, comunicações e integração do público. Sua experiência ilustra o poder da comunicação, da colaboração, contribuição, co-criação e das discussões em torno de ideias, propostas e resultados. O caminho nunca foi retilíneo, de completa aceitação, mas sempre de positiva provocação. Afinal, a resistência às mudanças sempre acompanha a prática de uma escola inovadora!

Neste momento da difusão dos serviços e recursos de inteligência artificial, não seria o caso de pensar em escolas de discussão sobre segmentos, projetos, propostas e formas? Temas como humanização, sucesso em projetos, integração de públicos e segurança seriam oportunos para o desenvolvimento de “escolas” em que pensadores, atuantes e praticantes dialogariam para observar e propor os caminhos a serem percorridos. Estas ideias, por certo, auxiliariam implementadores a ter maior sucesso em seus projetos, assim como encontramos nas propostas artísticas ao longo dos séculos.

Um problema típico, num exemplo, poderia ser enunciado desta forma: “É possível mensurar o grau de satisfação de um cliente para a mudança de nossa mensagem visual?”. Um pensamento de escola para propor métricas, formas de avaliar e comunicar resultados poderia agregar pensadores, praticantes, artistas e outros profissionais, numa ótica discursiva em torno de uma “escola de pensamento”. Interessante pensar que não seria apenas a solução de um problema, mas um diálogo reflexivo constante que poderia gerar uma continuidade e desenvolvimento de novas soluções, servindo mesmo ao caminho fundamental da inovação.

Projetos de IA: Tempo de plantar e colher

George Leal Jamil é professor e consultor em temas de educação executiva. Engenheiro, MsC em Computação, Dr. em Ciência da Informação, pós-doutorados em Inteligência de Mercado e Empreendedorismo. Autor e Editor de livros no Brasil e exterior. Conselheiro da Assespro-MG.

Um bom exemplo para finalizar esta nossa reflexão sobre arte e gestão em torno das escolas, vem do movimento De Stijl, de origem holandesa, com início ainda na segunda década do século XX. Propondo, com base nas ideias do cubismo e das artes baseadas na natureza, formas simples de expressar e base em princípios bastante acessíveis – uso de formas, cores, padrões e expressões. Os fundadores, que eram arquitetos, designers, artistas plásticos, na realidade iniciaram um movimento intelectual que dominou uma parte da cena filosófica do momento, mas também proporcionou aos sucessores, não se restringindo a seus membros, mas de correntes subsequentes, formas de pensar os fundamentos, conceitos, seus relacionamentos e sua comunicação.

Uma boa “escola”, em nossa mente, sempre é aquela que promove o constante debate e, ao longo de um grande período de tempo, produzirá conceitos que podem defini-la por todo o sempre ou mesmo modificar integralmente suas propostas, irá ainda abrir caminhos e portas para diálogo com outras escolas e, finalmente, proporcionar um contexto para constante evolução e desenvolvimento.

Ficam aqui nossas provocações, advindas das experiências das artes: suas concepções vitoriosas, suas soluções obtidas para problemas reais, irão permitir uma comunicação constante e evolutiva? Ao ter “fundado uma escola”, você percebe que ganha muito mais que “apenas” resolvendo um bom problema? Esta escola pode se expandir além dos limites geográficos, ideológicos, contextuais para abordar novos problemas, linguagens e comunicações?

Fica a recomendação: Pense… você pode fundar uma escola de pensamento!

 

 

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